Casais

São Sebastião - SP

Carla • Tiago

A história de hoje vai ser contada pela protagonista! Prepara a pipoca e o lencinho que tem uma história linda esperando pra ser lida <3

Eu e o Tiago começamos a nos falar há 6 anos.Tudo começou com uma solicitação de amizade no Facebook, nunca o tinha visto, mas tínhamos vários amigos em comum, então entrei no perfil dele. Era bonitinho, servia a aeronáutica (eu tinha 18 anos, ainda tinha uma queda por militar hahhaha), era da mesma igreja que eu - por isso os vários amigos em comum - e muito, mas muito, moleque!
De primeira vista não foi nada apaixonante, eu sempre fui muito... digamos certinha, e ele era muito zombador e por isso não me agradei muito da primeira impressão que tive, mas aceitei, na certeza de que na primeira conversa já iria ter motivos pra excluí-lo. Imediatamente após ter aceitado, ele inicia uma conversa no chat do facebook comigo, era o que eu imaginava, depois de poucas conversas tive vontade de excluí-lo - mas não, vamos nos distrair, pensei.
Começamos a conversar quase todos os dias, no começo eu dava muito sermão nele, pelos apelidos que ele me dava, pela ortografia errada, fui bem chata mesmo, confesso, mas depois começou a fluir uma conversa, ele falava sobre ele e eu sobre mim, nada demais, aquelas conversas que se tem com quase todo mundo assim que se conhecem; isso tudo aconteceu mais ou menos em outubro de 2012. Na ocasião, eu estava no primeiro ano de Medicina em Presidente Prudente a um pouco mais de 600 km de Jacareí, minha cidade natal (Medicina sempre foi o meu sonho, desde quando me conheço por gente, quando fui contemplada com uma bolsa de estudos integral, fui sem pensar duas vezes), não queria namorar, afinal, eu estava na faculdade!
Em Janeiro do ano seguinte, o Tiago supôs que eu estaria de férias na minha cidade e jogou uma conversa de que estava na hora de nos conhecermos (ooi?) e eu menti falando que tava em Minas na casa dos meus avós (detalhe, na casa deles não pega absolutamente nenhum sinal, e eu bem de boa mandando mensagem pra ele no conforto da minha casa em Jacareí).
Porém, em fevereiro - minhas férias eram generosas, bons tempos - uma amiga em comum, arranjou meio que um encontro às escuras, ela tinha combinado com ele e comigo de irmos ao shopping porém sem nós dois sabermos da presença do outro, ele meio que pegou no ar essa trama, mas não falou nada. Ela contou pra mim quase na hora em que estávamos saindo, eu só não surtei porque não tinha criado expectativas.
Chegamos no Centervale, e não é que eu comecei a ficar nervosa? Não estava afim dele, mas fazia tanto tempo que eu não conhecia ninguém assim pessoalmente, e se ele não fosse? Ia ficar com cara de tacho esperando - perceba que eu já não estava tão indiferente como a uma hora atrás. Meu celular vibra, naquela época não tinha whatsapp, era uma mensagem dele:
- Ei, vc veio no shopping também? eu já estou aqui.
Senhooor, ele veio!! Nossa, nossa, nossa e agora? Tenho miopia, então minha amiga que achou ele e me falou a que direção seguir, fui bem plena, nisso desencontramos, vi que ele não tava lá onde ela falou, mas ali tinham sapatos lindos fiquei olhando, poucos segundos depois surge uma voz:
- Carla ??
Arregalei o olho e virei pra trás, era ele, o Tiago em carne e osso (e bem magrinho também ahhahaha). Ele me abraçou apertado, que intimidade, né lindo!?
Não sabíamos mais o que falar depois dos cumprimentos... tinha exposição da Barbie na época, então levei ele pra ver com a intenção de dar uma oxigenada no cérebro, pensar em algum assunto - ele devia estar achando uma chatice - ele até jogou uma conversinha de que eu era delicadinha igual a elas, que fofo!
Fomos no McDonalds, ele comprou uma casquinha pra mim, acho que eu tava quieta até então por fome, porque foi comer a casquinha que eu engatei a falar, ficamos duas horas conversando ali, aliás, eu fiquei falando por todo esse tempo, falei da minha faculdade, dos cadáveres, da minha rotina, dos meus planos, só eu falava.
Sentei do lado dele pra mostrar umas fotos das peças anatômicas nas quais estudávamos, peças que fisgou a atenção dele por pouco tempo, ele começou a me olhar muito, fiquei sem jeito. "Ele deve tá olhando o bico que surgiu com esse aparelho" -pensei.
Acabaram as fotos, ele continuava a me olhar, parti pra uma estratégia: comecei a tirar cravinhos do braço dele, na época ele malhava bastante e tinha um mooonte pra eu tirar, desculpe se parecer nojento mas eu gosto de espremer! Dessa forma, eu não olhava pra ele e não via ele olhar pra mim, mas não teve jeito, nos beijamos! Fiquei me sentindo mal, eu não sou dessas que sai beijando na primeira saída assim (yees, sou tradicional), ainda mais que eu não tinha a intenção de ''ficar''; pensei tanta coisa naquela noite, na hora de irmos embora demos carona pra ele, já era tarde e ele iria dormir no quartel, ele fala até hoje que fui super grossa depois do beijo, não peguei na mão dele, não olhei pra ele, só me despedi com um beijinho no rosto, mal sabia ele que eu estava submersa no turbilhão de pensamentos que estava na minha cabeça.
Quando cheguei em casa, pensei: o que aconteceu no Mac, ficou no Mac, foi só uma história de férias, mas não, ele me mandou mensagem de boa noite, aaai Deus, que fofo! No dia seguinte eu já voltei pra Prudente, lembro-me que estava no ônibus já na rodovia e passando em frente ao shopping chega uma mensagem dele dizendo que tinha gostado muito de me conhecer, que queria que essa relação continuasse, e confesso, chorei.
Chorei porque ele me enganou, ele não era aquele moleque zombeteiro que eu pensava que ele fosse, chorei porque ele era legal, educado, bonito, gentil, trabalhador, esforçado pelo que ele tinha me contado de forma humilde naquele dia, e eu pude perceber que ele não queria me impressionar, ele simplesmente estava sendo ele, chorei porque eu estava indo embora pensando nele, chorei porque se ele fosse o moleque que eu achava que era seria muito mais fácil minha vida depois daquele encontro, chorei porque eu tinha ainda mais 5 anos de faculdade pela frente, faculdade esta a mais de 600km de SJC, chorei porque diante dessa minha realidade não iria dar certo, não poderia. Mas sabe o que aconteceu? Deus nos escolheu para sermos protagonistas de uma história linda! História que tem cinco anos de namoro e que terá um novo capítulo iniciado no dia 27/07, a data do nosso casamento.
E sabe de mais uma coisa? valeu a pena ter aceitado aquela solicitação de amizade.

Depois cinco anos de namoro à distância, muitas despedidas na rodoviárias porém muitos abraços de boas vindas também, eu aprendi várias lições, mas as principais que gostaria de compartilhar são duas:
1. Vale a pena se dar a chance de conhecer as pessoas, elas podem nos surpreender.
2. Para se obter algo é necessário que a força de vontade seja maior do que qualquer percalço.


- Carla Fernandes


Fotografia: Agridoce Foto Art (Gabrielle Magalhães e Adriele Menezes)
Veleiro: Endurance